terça-feira, 24 de novembro de 2009

TDAH

Conhecido como Transtorno de Défict de Atenção / Hiperatividade (TDAH) ou Distúrbio de Défict de Atenção (DDA)os neuro-transmissores, dopamina e noradrenalina (substâncias químicas do cérebro que transmitem informações entre as células nervosas) encontram-se diminuídos, fazendo com que a atividade do córtex pré-frontal seja menor. É uma disfunção neurobiológica.

Essa região é a parte mais evoluída do cérebro e supervisiona as funções executivas: observa, guia, direciona e/ou inibe o comportamento, organiza,
planeja, e faz a manutenção da atenção e do auto-controle.
Essa disfunção é crônica, herdada na grande maioria das vezes, daí sua presença desde a infância.
Em menor grau há fatores do meio ambiente que podem estar relacionados ao TDAH (DDA):
A nicotina de cigarros fumados pela mãe gestante bem como bebidas alcoólicas consumidas, podem ser causas significativas de anormalidades no desenvolvimento da região frontal do cérebro da criança em gestação.
Crianças expostas ao chumbo entre 12 e 36 meses de idade pode ser outro fator.
Traumatismos neonatais como hipoxia (privação de oxigênio), traumas obstétricos, rubéola intra-uterino, encefalite, meningite pós-natal, subnutrição e traumatismo craniano são fatores que também podem contribuir para o surgimento do distúrbio.
O TDAH (DDA) é um transtorno real, um obstáculo real, apesar de não haver nenhum sinal exterior de que algo está errado com o Sistema Nervoso Central.
Antigamente era conhecida como “Disfunção Cerebral Mínima”. Mais tarde passou a chamar-se “Síndrome Infantil da Hiperatividade”. Nos anos 70, o conceito foi ampliado com o reconhecimento do déficit na atenção e do controle dos impulsos. Em 1987 o nome passou a ter a atual denominação: “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade”.
Ao contrário do que se pensava antigamente, o TDAH (DDA) não é superado na adolescência: cerca de 65% das crianças diagnosticadas como portadoras de TDAH continua com os sintomas quando atinge a idade adulta.
Os principais sintomas são: falta de atenção, impulsividade e hiperatividade ou uma “energia nervosa”.
A impulsividade tem um aspecto positivo, podendo nos levar muitas vezes à ação. O problema é quando ela se torna patológica como no caso do TDAH (DDA), onde há uma falta de planejamento em função da busca intensa e constante da gratificação imediata, das novidades, correndo-se maiores riscos.
Provocar confusão, discutir, viver em conflito consigo e/ou com o(s) outro(s) é uma forma inconsciente de estimulação do córtex pré-frontal, que anseia por mais atividade. A pessoa não percebe esse processo, não o faz de propósito, mas pode ficar viciada em confusão.

DIAGNÓSTICO

Apesar do quadro desalentador onde a pessoa muitas vezes é considerada desorganizada, agitada, maníaca, imprevisível, irresponsável, desnorteada, lunática... quanto mais cedo for diagnosticada e tratado mais facilmente aprenderá a conviver com o TDAH (DDA) de maneira mais positiva e menores serão os problemas com a auto-estima e auto-confiança, normalmente tão comprometidas.
O adulto deve procurar a ajuda de profissionais especializados na área para diagnóstico e tratamento, quando seu jeito de pensar, de sentir, comportar-se, causam-lhe prejuízos na área profissional, social, afetiva e/ou consigo mesmo.
As crianças e adolescentes devem ser encaminhados pelos pais e ou professores quando há dificuldade no aprendizado, no relacionamento interpessoal (em casa, com professores, com amigos), ou quando surgem outros problemas que podem ser decorrentes do TDAH (DDA) tais como, baixa auto-estima, irritabilidade excessiva, obesidade, comportamento compulsivo, etc.
Infelizmente, ainda há muitos diagnósticos errados nessa área em função do desconhecimento do transtorno por muitos profissionais da saúde que acabam tratando apenas das conseqüências, das comorbidades, desconhecendo a origem dos problemas.
O diagnóstico não se baseia apenas na presença dos sintomas mas em sua gravidade, intensidade, duração e em quanto interferem na vida cotidiana da pessoa.

TRATAMENTO

Após o diagnóstico, o tratamento abrange muita informação e conscientização do que é TDAH (DDA), psicoterapia estrutural e organizadora, terapia familiar ou de casal quando necessário.
Comprovadamente a terapia cognitiva comportamental é que dá melhores resultados.
O terapeuta deve funcionar como um treinador, dando instruções e sinalizando ("perceba como está se perdendo em detalhes... como está desviando de seu objetivo..., pare, volte àquele assunto...")
O foco da terapia deve ser a mudança de velhos hábitos que já se tornaram vícios: adiamento crônico, desorganização, pensamentos negativos... além do resgate da auto-confiança e da auto-estima, geralmente muito abaladas.
A medicação muitas vezes pode melhorar muito a qualidade de vida da pessoa. No Brasil, a primeira indicação é do estimulante do córtex pré-frontal, o metilfenidato, com nome de Ritalina ou Concerta. Ele funciona como óculos para o míope: devolve a visão focada, mais nítida. Também ajuda a controlar a compulsão.
Há muita desinformação e enxurradas de falsos rumores envolvendo o metilfenidato. Esses boatos alarmantes não são baseados em fatos nem em centenas de pesquisas científicas que comprovam ser um medicamento extremamente seguro quando administrado com supervisão adequada.
A medicação pode não funcionar sempre, mas em 80% dos casos ajuda a pessoa a concentrar-se, a terminar suas tarefas sem interrupções, reduzindo a ansiedade, a impulsividade, a irritabilidade e as oscilações de humor.
O uso do estimulante é fundamental quando há problemas de aprendizado e/ou decréscimo na capacidade profissional. No entanto, ela sozinha não faz milagres, nem cura o transtorno.
A Ritalina e/ou Concerta não vicia mas pode acontecer alguns efeitos colaterais que em geral passam após os primeiros dias. A dosagem varia de indivíduo para indivíduo e seu efeito dura aproximadamente 4 horas.
Se o TDAH (DDA) vier acompanhado de depressão, muitas vezes é necessário a inclusão de medicação antidepressiva mas é comum a depressão desaparecer apenas com o estimulante e psicoterapia, na medida em que os sintomas de TDAH (DDA) vão sendo administrados, controlados e a pessoa readquire seu controle interno.
TDAH EM CRIANÇAS
O TDAH (DDA) não é um distúrbio passageiro, temporário, a ser superado, uma vez que é neurobiológico e não o resultado de falta de disciplina ou de controle dos pais, assim como não é falta de força de vontade ou de caráter da criança ou do adolescente como erroneamente muitos adultos pensam ser. A recuperação acontece em cerca apenas 30% dos casos.
Algumas crianças com TDAH (DDA) já são difíceis de serem cuidadas antes mesmo dos 3 anos de idade por serem muito ativas, irritáveis, temperamentais, autoritárias, podendo ainda ter distúrbio de sono e/ou alimentar.
Outras crianças com TDAH (DDA) não diferem das demais e só são avaliadas e diagnosticadas após o ingresso no período escolar ao apresentar prejuízo no aprendizado e/ou nos relacionamentos com colegas, professores ou pais. Isso porque os 3 sintomas mais marcantes do TDAH (DDA) – a distração, a impulsividade e a grande atividade, num grau mais leve, são comuns nas crianças em geral, daí muitas ficarem sem diagnóstico. Também as do Tipo Desatento podem passar despercebidas nos primeiros anos de vida.
Além de distraídos, a criança ou adolescente com TDAH (DDA) tem enorme dificuldade em sustentar a atenção durante muito tempo numa mesma tarefa, sem interrompê-la por inúmeras vezes.
Porém. quando motivados ou desafiados por situações inovadoras (televisão, vídeo-game, salas de bate-papo, etc...), eles têm um poder de hiperconcentração, nem se dando conta do que acontece à sua volta.
Os hiperativos/impulsivos, são incapazes de planejar, selecionar com antecedência, para depois executar algo. Eles não conseguem controlar, inibir seus impulsos: dificilmente ficam quietos num lugar por muito tempo, podem ser muito falantes, falar sem pensar, sendo muitas vezes inconvenientes, interromper a fala dos outros, jogos, responder a questões antes de serem totalmente formuladas, comer muito, comprar muito, etc.
Essa falta de autocontrole pode ser o terror de muitos pais e/ou professores, que sentem-se incapazes de colocar limites caso não conheçam o transtorno e como lidar com ele.
Geralmente são desorganizados com seu material escolar, sua mochila, sua mesa, gavetas e principalmente com o planejamento de suas tarefas, estudos, empurrando-os sempre para a última hora (isso quando não deixam de fazê-los). Estão sempre atrasados, lutando contra o tempo.
Problemas de memória são freqüentes: esquecem nomes, datas de trabalhos, provas, perdem ou esquecem objetos com facilidade. Como conseqüência vem a preocupação e ansiedade crônicas, por não se sentirem confiáveis.
Também têm muita dificuldade em notar, interpretar dicas e regras sociais: sempre querem fazer tudo "do seu jeito, no seu tempo". Isso explica muitas vezes a dificuldade de viver adequadamente em sociedade, seus desencontros nos relacionamentos sociais e pessoais.
A criança ou adolescente com TDAH (DDA) não sabe lidar com fracasso, frustração. Estão sempre ansiosos, sentem-se incompreendidos e irritam-se com facilidade.
Com a auto-estima fragilizada por tantos rótulos negativos já recebidos, com freqüência "chutam o pau da barraca", por serem super reativos e por acharem que já não têm muito a perder.
O transtorno gera uma real incapacidade na criança ou no adolescente de controlar sua própria vontade ou comportamento, relacionando-os com a passagem do tempo: muitos são incapazes de ter em mente futuros objetivos e/ou medir as conseqüências negativas de seus atos impulsivos a longo prazo.
O TDAH (DDA) erroneamente, muitas vezes é apresentado como distúrbio de aprendizagem, mas na verdade é um distúrbio de realização.
Crianças ou adolescentes com TDAH (DDA) sentem-se muito melhor quando após serem diagnosticadas, fazem um tratamento focado, onde os seus problemas e dificuldades são trabalhados e suas qualidades são realçadas e alimentadas, visando sempre a melhoria de sua auto-estima, nunca esquecendo dos limites a serem respeitados. Afinal, geralmente são inteligentes, sensíveis, curiosos, criativos, atrevidos, inventivos, com muita energia, espontaneidade, etc., com necessidade de uma "condução" adequada.

AVALIAÇÃO E TIPOS DE TDAH

A) DESATENTO

Em qual item você se encaixa: SIM

1. Presta pouca atenção a detalhes ou comete erros por falta de atenção ou descuido em atividades escolares ou de casa.

2. Dificuldade de manter atenção em tarefas ou atividades lúdicas.

3. Com freqüência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.

4. Freqüentemente não segue instruções nem termina seus deveres escolares ou tarefas domésticas (isso não se deve a comportamento de oposição, nem de incapacidade de compreender as instruções).

5. Dificuldade em se organizar para fazer algo ou planejar com antecedência tarefas, atividades, etc.

6. Evita, antipatiza-se, reluta em fazer deveres de casa ou em iniciar tarefas que exijam esforço mental constante e por muito tempo.

7. Com freqüência perde coisas necessárias para tarefas escolares ou atividades lúdicas (brinquedos, lápis, livros, óculos, celulares ou outros materiais).

8. Distrai-se com muita facilidade com coisas à sua volta ou mesmo com seus próprios pensamentos, alheios à sua tarefa. É comum que pais e professores se queixem de que estas crianças parecem sempre “sonhar acordadas”.

9. Esquece coisas no dia-a-dia, compromissos, datas, etc.

Total de respostas "Sim":
É necessário que a criança ou o adolescente tenha 6 ou mais características acima, para haver possibilidade de diagnóstico de TDAH (DDA).

Tipo Hiperativo/Impulsivo

Verifique em qual item você se encaixa: SIM

1. Move de modo incessante pés e mãos e/ou se remexe na cadeira.

2. Freqüentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado.

3. Com freqüência corre ou escala móveis em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes isso pode se restringir a uma sensação inquietação, de energia nervosa).

4. Tem dificuldade de brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer, como jogos, por exemplo.

5. Parece ser movido por um motor elétrico, sempre “a todo vapor, a mil por hora”.

6. Freqüentemente fala em demasia.

7. Responde precipitadamente, antes das perguntas serem concluídas. É comum responder a uma questão de uma prova sem ler a questão até o final.

8. Tem dificuldade em aguardar a sua vez (nos jogos, na sala de aula, em filas, etc.).

9. Interrompe freqüentemente os outros em suas atividades, brincadeiras ou conversas.

Total de respostas "Sim":

É necessário que a criança ou o adolescente tenha 6 ou mais características acima, para haver possibilidade de diagnóstico de TDAH (DDA).

Tipo Combinado

É necessário que a criança ou o adolescente tenha 6 ou mais características de cada um dos 2 tipos acima, para haver possibilidade de diagnóstico de TDAH (DDA).
CRITÉRIO A: Os sintomas vistos acima nos questionários são úteis para avaliar o primeiro dos critérios. Existem outros que também são necessários para se fazer o diagnóstico:
CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes há mais de 6 meses e antes dos 7 anos de idade.

CRITÉRIO C: Deve haver problemas causados pelos sintomas assinalados acima em pelo menos 2 contextos diferentes (na vida escolar , familiar, com amigos, etc).

Verifique em qual item você se encaixa: SIM

1. Distrai-se facilmente por qualquer barulho ou conversa em sala de aula?

2. Sente dificuldade em concentrar-se numa mesma coisa por muito tempo?

3. É organizado com seu material escolar, suas tarefas de casa ou precisa sempre de ajuda de alguém para isso?

4. Tem dificuldade aguardar a sua vez? É comum interromper os outros?

5. Esquece-se sempre de seus compromissos rotineiros, diários (tomar banho, tarefas de casa, estudar, organizar mochila para o dia seguinte, etc.)?

6. É imprudente ou desastrado?

7. Passa de uma atividade incompleta para outra?

8. Tem dificuldade para expressar verbalmente ou por escrito seus pensamentos?

9. É briguento, está sempre no meio de alguma confusão, é "pavio curto"?

10. Consegue seguir o ritmo da classe, de seus colegas? (prazos, tarefas, notas, etc.)

11. Em sala de aula levanta-se freqüentemente da carteira?

12. Esquece muitas vezes o que foi dito pelas pessoas (pais, professores ou amigos) e se esquece ou perde objetos (caderno, livro, caneta, borracha, celular)?

13. Fala muito, compra muito ou está acima de seu peso?

14. Respeita os professores em sala de aula?

15. Sua caligrafia é ruim?

16. Muitas vezes age sem pensar? Fala ou faz coisas e logo se arrepende do que falou ou do que fez?

17. Segue as normas e regras da classe?

18. Muitas vezes sente-se meio esquisito, diferente de seus colegas?

19. Tem dificuldade na compreensão de textos?

20. Quando entra em salas de bate-papo, Internet, ou começa algum jogo de vídeo game pode "esquecer da vida" e ficar nisso por horas a fio?

Total de respostas "Sim":
Se você responder de maneira afirmativa a 9 ou mais destas questões, é provável que você tenha TDAH (DDA

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