domingo, 6 de maio de 2012
O AEE para o aluno com Deficiência Múltipla
O papel da escola ao receber um aluno com DMU é o de incluir, acolher ao aluno que chega como pessoa real e única, tenha ele ou não deficiências. Ao professor do AEE faz-se necessário repensar a organização espacial da escola e da sala de aula, de modo a facilitar a mobilidade do aluno com surdocegueira e em seguida, fazer a coleta de dados com a família. A coleta de dados constitui-se na realização de entrevistas com a família e a professora, a observação do comportamento do aluno em diferentes contextos e a análise de laudos médicos. Recomenda-se solicitar à família uma avaliação clínica (condições do olho, habilidades visuais e refração) para verificar se há a necessidade de adaptações na iluminação. É preciso ainda, avaliar o aluno em relação à comunicação, adaptação e aprendizagem para observar suas necessidades e adaptações específicas.
Segundo a teoria de Van Dijk (1989) é necessário que a criança surdocega seja estimulada em atividades que envolvam movimento, ação, manipulação e exploração das condições presentes no ambiente, tendo como base o vínculo afetivo com o mediador. Van Dijk propõe ainda a estratégia co-ativa que ocorre mediante estimulação sensorial que inclui toques frequentes, tentativas de manter o contato visual, estimulação da participação em brincadeiras infantis, mobilidade conjunta com um adulto, união de atividades motoras entre o aluno e o mediador, o uso de formas diversificadas de comunicação (falas, gestos, sinais, objetos, entonação verbal e expressão facial) e considerar os interesses da criança. Através dessa abordagem, é possível amenizar a carência da natureza cognitiva exploratória e viabilizar as bases da aprendizagem.
No exercício do AEE, pude trabalhar com duas crianças com deficiências múltiplas, sendo uma portadora da síndrome de leigh em que tinha comprometimentos físicos, mentais e auditivos e uma outra com sequelas de meningite em que resultaram em perdas mentais, visuais e físicas. Em ambos os casos, a inserção do aluno nas classes regulares foi difícil, os alunos não tinham autonomia para com seus cuidados pessoais e nem na realização de quaisquer atividades propostas. A primeira luta foi conseguir uma acompanhamente (estagiária de apoio à inclusão) contratada especialmente para cuidar da higiene, alimentação e locomoção desses alunos e depois na descoberta das necessidades e potencialidades deles, pois como as reações se resumiam no olhar e no sorriso, era preciso estabelecer uma comunicação com as crianças e ainda estamos em caráter de introduzir objetos de referências e cartões em alto relevo. A maior dificuldade é a adaptação de materiais para serem realizados na sala de aula, porque a professora regular fornece o conteúdo a ser estudado pela turma para a professora do AEE que deve adaptá-lo ao aluno e então é necessário muito estudo e criatividade para pensarmos em algo que esse aluno possa fazer de acordo com suas possibilidades.
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